Denise Campos de Toledo EECI

O desafiador cenário da retomada

A economia brasileira se mantém em recuperação, mas de forma desigual, o que indica uma retomada muito mais em K, com uma acentuada diferença entre vencedores e perdedores, do que em V, como insiste a equipe econômica.

Temos um desempenho positivo do agronegócio, que vem atravessando a pandemia sem solavancos, com exportações até favorecidas pela situação global, especialmente no comércio com a China.

Sem esquecer do impacto favorável do dólar mais alto e do consumo interno, assegurado por um aumento de compra da população mais pobre, beneficiada pelo auxílio emergencial.

O benefício concedido pelo governo permitiu ao comércio atingir um ritmo de vendas superior ao do começo do ano em segmentos específicos, como o de materiais de construção. ‘Presas’ em casa, as famílias se preocuparam mais com o bem estar, condições de trabalho e estudo. Situação que estimulou a demanda, também, por eletroeletrônicos e até móveis.

No embalo da reação de boa parte do comércio, o setor industrial também vem reagindo com maior intensidade, embora ainda tenha atrasos importantes, acumulados desde antes, incluindo a questão da competitividade, o que afeta o potencial de expansão das vendas externas. Manufaturados ainda dependem muito do ritmo da demanda doméstica para uma performance mais favorável.

Paralelamente, com os juros mais baixos do financiamento que, por outro lado, desestimularam os investimentos em renda fixa, o setor imobiliário conseguiu retomar com muita rapidez o bom desempenho que vinha exibindo antes da pandemia. Sendo que a quarentena também levou muita gente a rever as condições de moradia, a necessidade de mais espaço, por exemplo, ou de adquirir um imóvel mais afastando das cidades. 

Nesse processo de retomada, quem ficou para trás foi o setor de serviços, que responde pela maior fatia do emprego e do PIB do País. Está em recuperação, mas ainda longe de retornar ao nível pré pandemia. Trata-se de um setor que já vinha com dificuldade para voltar ao ritmo anterior à recessão de 2015/2016. O atraso vem de mais tempo. 

Essa observação, na verdade, vale para toda a economia. Poucos indicadores retornaram aos níveis de 2014. Tivemos, no pós recessão, expansões fracas do PIB, na faixa de 1% ao ano, com desemprego elevado, baixo nível de investimentos, dificuldade de atração de recursos.

Agora se prevê um tombo em torno de -5% para o fechamento do ano, com expansão de +3,5% em 2021. De novo uma reação insuficiente para repor perdas, que ainda vai depender de uma série de condições.

Há ainda um fator adicional. Qualquer projeção mais otimista está relacionada à capacidade de controle da contaminação e à continuidade da reabertura das atividades em todo o potencial. O atraso do setor de serviços é muito reflexo das restrições da retomada completa das atividades e do próprio receio da população com aglomerações. A nova onda da pandemia na Europa, com novos fechamentos, alerta para a possibilidade de só haver retomada mais contínua quando houver uma vacina contra o coronavírus, com aplicação em massa.

Como se fosse pouco, temos os nossos problemas de sempre, alguns agravados pela Covid 19. A relação é extensa: as contas públicas que só pioraram; as dificuldades para a retirada de estímulos, especialmente o auxílio emergencial, sem causar mais danos fiscais ou comprometer a atividade; o baixo nível de investimentos; a fuga de capitais externos; atraso nas reformas; o risco potencial de inflação mais pressionada pelo dólar mais alto e pela retomada da atividade; o provável avanço do desemprego; sem desconsiderar instabilidades que vêm de fora, com o mundo enfrentando desafios parecidos.

O Brasil deve continuar em recuperação. A dúvida é quanto ao ritmo e a qualidade, em um contexto dos mais desafiadores, onde indivíduos e empresas têm de se reinventar. Melhor não contar com a possibilidade de o País entrar em uma fase de expansão mais vigorosa, a ponto de embalar os negócios, como ondas ocorridas no passado.

O conteúdo foi útil para você? Compartilhe!

Recomendado para você

Crypto 101

Altcoins: A melhor opção para o Halving? | Crypto 101

Participe da Comunidade Levante Crypto agora mesmo e fique por dentro das principais notícias desse mercado: https://lvnt.app/uvwfup

Hoje em dia, com o Bitcoin já tendo ocupado seu espaço de mercado, muitas pessoas buscam outras moedas digitais para investir.

Afinal, criptos mais baratas – e fora do radar – possuem um potencial muito maior que o vovô das criptos.

É aí que entram as Altcoins, que cada vez mais vêm ganhando espaço no mercado cripto.

Read More »
Crypto 101

3 Criptos de Inteligência Artificial com alto potencial em 2024 | Crypto 101

Atualmente, é necessário ir além do Bitcoin e do Ethereum para conseguir lucrar de verdade no mercado Cripto, que já começa a se movimentar como uma indústria cada vez mais robusta.
Neste contexto, o setor de Inteligência Artifical em Criptomoedas se apresenta como um dos mais promissores na nova indústria, e projetos como $OCEAN (Ocean Protocol), $FET (Fetch.ai) e $PAAL (Pluto Protocol) emergem como líderes na integração dessas tecnologias de ponta.

Participe da Comunidade Levante Crypto agora mesmo e fique por dentro das principais notícias desse mercado: https://lvnt.app/uvwfup

Read More »
Crypto 101

Ganhe Criptomoedas DE GRAÇA: Conheça os Airdrops de Criptos | Crypto 101 

Airdrops de Criptomoedas é o assunto que vem parando o mercado cripto. Como assim, é possível ganhar criptomoedas DE GRAÇA?!

Basicamente, Airdrops são caracterizados pela distribuição gratuita de tokens para detentores de uma determinada criptomoeda ou membros de uma comunidade específica.

Pela importância que o assunto vem tomando, no Crypto 101 de hoje, vamos abordar as principais características dos airdrops em artigo exclusivo.

Read More »
Crypto 101

O que é Staking de Criptomoedas e como fazer na prática? | Crypto 101

Staking de criptomoedas é um processo pelo qual os detentores de determinadas moedas digitais participam da validação e do consenso das transações em suas respectivas redes blockchain. Em essência, é a prática de bloquear uma certa quantidade de criptomoedas em uma carteira específica para apoiar as operações da rede.

Hoje em dia, para quem busca novas maneiras de operar Cripto, o Staking de Criptomoedas é uma maneira inovadora e com alto potencial.

Participe da Comunidade Levante Crypto agora mesmo e fique por dentro das principais notícias desse mercado: https://lvnt.app/uvwfup

Read More »

Ajudamos você a investir melhor, de forma simples​

Inscreva-se para receber as principais notícias do mercado financeiro pela manhã.