Com os recentes desentendimentos sobre os detalhes do Renda Brasil, programa que pretende substituir o Bolsa Família e outros programas sociais, o governo deve optar pela prorrogação do auxílio emergencial pelo menos até o final deste ano.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, entende que essa é a melhor saída para o momento, uma vez que não houve consenso entre o valor para o Renda Brasil – enquanto o presidente quer cerca de 300 reais de auxílio, a equipe econômica afirma que para cumprir esse valor seriam necessários cortes de outros benefícios, hipótese já vetada por Bolsonaro.
Assim, o auxílio deve permanecer nos próximos meses, mas a Medida Provisória que deve ser enviada ao Congresso irá restringir algumas regras de acesso para diminuir as brechas de pagamentos indevidos. Em live no seu Facebook, Bolsonaro afirmou que não será possível manter os 600 reais nos próximos meses, mas que o valor certamente será maior que 200 reais.
Já entra também no radar a hipótese de que o auxílio seja prolongado para além de 2020, caso o Renda Brasil realmente não consiga avançar ainda neste ano, seja por conta do Congresso ou pelas próprias discussões no Executivo. Nesse caso, haveria limitações orçamentárias porque o pagamento do auxílio tomaria espaço da restrita parcela de despesas discricionárias.
As negociações continuam, em um delicado equilíbrio entre gastos públicos e auxílio à população mais vulnerável. Apesar da estabilização da pandemia no Brasil, os efeitos econômicos serão sentidos ainda nos próximos meses, já que a recuperação da economia será gradual.
O Executivo entrega a proposta orçamentária para 2021 na próxima segunda-feira, por isso todos os detalhes envolvendo a estratégia de gastos daqui para a frente – o auxílio incluso neste pacote – devem ser fechados ainda hoje, ou mesmo durante o fim de semana. A notícia não deve afetar o humor dos investidores nesta sexta-feira, mas o mercado já está alerta quanto à possibilidade de resoluções que comprometam o fiscal.
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