Nesta segunda-feira (24), pouco antes da abertura do mercado, o Inter (BIDI11) anunciou mudanças significativas em sua estrutura acionária. Primeiramente, a companhia anunciou um follow-on, com a Stone (STNE:NASDAQ) como investidor âncora. A companhia de pagamentos listada nos EUA poderá investir até 2,5 bilhões de reais em uma oferta que pode chegar a 5 bilhões de reais.
A oferta, que será do tipo primária (injeção de caixa na empresa), fixou o preço que será pago pela Stone com um desconto de 3 por cento em relação ao fechamento da sexta-feira anterior. No acordo, a participação da Stone também fica limitada a 4,99 por cento do capital social do Inter e dá direito à Stone de indicar um dos nove assentos no Conselho de Administração.
A negociação entre as companhias tem como objetivo conectar os serviços entre elas, o Inter destacou quatro oportunidades a ser exploradas no curto-prazo:
(i) Conectar os clientes da Stone (pequenas e médias empresas) ao Inter Shop, marketplace do Inter;
(ii) Digitalizar a experiência de pagamentos entre clientes de ambas as companhias, tanto no varejo online quanto offline;
(iii) Cross-selling de produtos, como crédito e meios de pagamento, para aumentar o portfólio de serviços oferecidos e
(iv) Alavancar o baixo custo de captação do Inter para melhorar a oferta de capital de giro (empréstimo de curto-prazo) da Stone e oferecer produtos de renda-fixa por meio de cotas de Fundos de Direitos Creditórios (FIDC) vinculados à Stone.
Além disso, o Inter também anunciou que após o follow-on na B3, pretende mudar sua listagem para a bolsa americana Nasdaq e conceder aos investidores aqui o valor equivalente em BDRs ou em dinheiro, em um valor ainda a ser definido pela companhia no futuro.
A listagem nos EUA tem dois objetivos claros. O primeiro é reorganizar a estrutura acionária para que haja uma classe de ações com mais poder de voto, possibilitando à família Menin, controladora da companhia, diluir sua participação em follow-ons futuros sem que haja mudança no controle. O segundo é colocar as ações do banco em uma vitrine melhor, em uma bolsa com mais empresas de tecnologia comparáveis e mais atuação de fundos de alcance global.
E Eu Com Isso?
A notícia é positiva para ambas as companhias. As ações do Inter (BIDI11) tiveram uma valorização de 24,8 por cento. Acreditamos que a valorização elevada é justificada não só pela oportunidade de crescimento, mas também pela listagem nos Estados Unidos, que deve atrair mais investidores ligados à tecnologia em um âmbito global, o que deve inflar seu valuation. As ações da Stone (STNE:NASDAQ) tiveram uma reação mais tímida, fechando o pregão do dia com alta de 0,16 por cento.
A notícia pode ser considerada consideravelmente melhor para o Inter pois, além de garantir um investidor âncora para o aumento de capital, a oferta da Stone evidencia que a companhia enxerga o Inter com um valor de mercado abaixo de seu valor justo, ainda mais considerando a operação conjunta das companhias. Levando em consideração a valorização de mercado no dia do anúncio do banco, a companhia vai adquirir participação com um desconto de mais de 22 por cento em relação ao fechamento desta segunda-feira (24).
Esperamos que a parceria possa ser o começo de algo mais duradouro, possibilitando a troca de mais produtos e serviços entre as plataformas. Ambas as companhias procuram diversificar seus produtos e possuem uma base de clientes complementar, com a Stone focada no público PJ e o Inter no público PF (apesar de a base de clientes empresariais estar crescendo).
Outro ponto importante é que a Stone terá o direito preferencial da aquisição de ações no caso de uma oferta que resulte na troca do controle do banco Inter, dando mais segurança para a companhia de pagamentos realizar a operação.
Enxergamos agora com principais catalisadores para as ações do Inter (BIDI11):
(i) a conclusão do processo de reestruturação e listagem na Nasdaq;
(ii) Conseguir manter o nível de crescimento da base de clientes vista ao longo de 2020 e 1T21;
(iii) aumentar a penetração de serviços como investimentos e seguros, alavancando a base clientes que já possui para aumentar seus lucros;
(iv) oferta de novos produtos como está fazendo agora com a parceria com a Stone.
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