Denise Campos de Toledo EECI

Atividade reage, mas inflação e juros jogam contra

Nesta última semana tivemos surpresas positivas em termos de atividade. A expansão de 1% das vendas do comércio em março e de 1,7% da receita dos serviços superaram as expectativas, garantindo um fechamento de trimestre positivo e um carregamento favorável quanto às projeções para o PIB deste ano, que devem passar por nova rodada de revisões para cima.

A recuperação está relacionada à flexibilização da atividade, algum reforço de renda com programas sociais, além da recuperação do mercado de trabalho, mesmo que modesta. Neste segundo trimestre, estímulos, como a liberação do FGTS e a antecipação do 13o dis aposentados, podem dar sustentação a esse movimento de recuperação.

No sentido inverso, considerando uma perspectiva de médio prazo, a inflação e os juros elevados tendem a continuar comprometendo a capacidade de consumo. E nesse sentido também tivemos o IPCA de abril, com alta de 1,06%, superando as previsões, com alta de 12,13% em 12 meses. Isso reforça a continuidade da alta dos juros que, como salientou o Copom, na ata da última reunião, terá efeito contracionista, que tende a ser mais perceptível. Mesmo que a tendência seja de redução da magnitude de aumento da Selic, não há indicação de interrupção do ciclo na próxima reunião. A taxa básica pode chegar a 13,75% como prevê parte do mercado, caso a inflação se mantenha persistente.

Por mais que se questione se a estratégia de elevação da Selic vai surtir o efeito esperado em termos de contenção da inflação, ainda muito mais decorrente de pressões do lado da oferta e não da demanda, existe a preocupação do BC em garantir uma convergência das projeções para as metas. O que hoje depende muito de uma maior austeridade da política monetária, já que o Banco Central está sozinho na briga.

Incertezas fiscais, instabilidades políticas, atraso nas reformas e dúvidas quanto à evolução do cenário internacional, ao provocarem maior volatilidade nos mercados e preços, tornam mais difícil a esperada convergência das expectativas. Sendo que as projeções do mercado já indicam possível comprometimento das metas até 2024.

Retornando ao peso da inflação sobre a atividade, é importante notar a desigualdade da recuperação das vendas, por exemplo. Enquanto materiais de escritório e informática garantiram o resultado acima do previsto, as vendas de alimentos e produtos farmacêuticos caíram. O consumidor tem tido de fazer uma seletividade das compras pra tentar driblar o que está mais caro e as dificuldades de orçamento. Tarefa nada fácil com o índice de disseminação dos aumentos se acelerando.

O governo até tenta amenizar as pressões por aumentos, entre outras iniciativas, com a redução dos tributos sobre importados, como ocorreu com 11 produtos nessa semana, incluindo alimentos, como carnes, milho, trigo e derivados. Em princípio, importados mais baratos, via concorrência, deveriam induzir o barateamento da produção local. A questão é muito das pressões inflacionárias tem vindo de fora. Se os preços desses produtos continuam subindo no exterior, o corte de impostos não terá muito impacto e ainda vai reduzir a arrecadação. Só pra citar exemplos dessa situação, a Ucrânia tem alertado para o risco de escassez, não só de encarecimento do milho e do trigo, pelas dificuldades de embarque desses produtos pelo país, que tem forte participação na oferta global. Ainda tem a questionável política de Covid zero da China, comprometendo mais as cadeias de produção e comercialização de mercadorias. Aliás, as reações registradas pela Bolsa nos últimos dias foram puxadas, em boa medida, pelas ações ligadas às commodities.

O certo é que a inflação continua sendo um desafio global. Basta ver os recordes dos índices divulgados nos vários países, com implicações sobre as políticas de juros, o que estabelece condições mais adversas para a expansão da economia mundial, além de mais pressões sobre os mercados, como as que temos acompanhado diante de possíveis alterações na política do FED.

Problema maior, no caso do Brasil, é que estamos com inflação e juros em dois dígitos, num ambiente de expansão ainda baixa da economia, independentemente das boas surpresas com os últimos indicadores setoriais, e desemprego elevado. O custo desse cenário sobre a atividade e a população fica mais pesado.

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